Afetividade, Relacionamentos e Terapia de Casal

Relacionamento: um trabalho a dois.

O relacionamento é constituído por duas pessoas , sendo o compromisso uma  via de mão dupla, cujas responsabilidades do que dá ou não certo  pertencem ao casal .  Em outras palavras, ambos devem participar ativamente na construção e ajustes da relação de modo contínuo enquanto a opção for manter o relacionamento.  As diferenças existem não para afastar e sim para que um possa complementar o outro na formação do casal. É somente através da complementaridade que se forma a união, sendo possível que ambos caminhem lado a lado. Do contrário, a relação assume características de rivalidade   cujo propósito maior é a defesa das necessidades e razões de cada adversário.

É muito comum observar entre os casais, a tendência por parte de ambos em concentrar atenção nas faltas do outro.  Quando um culpa o outro pelos problemas e insatisfações é muito  provável que a relação enfraqueça propiciando um clima de adversidade. Os esforços devem ser no sentido do casal desenvolver estratégias que ajudarão  seja na solução dos conflitos , no ajustes das dificuldades ou na superação de uma crise e não no duelo de quem está certo ou errado.  Para alcance do entendimento mútuo é preciso abrir mão das armas e das condutas de ataque que levam o outro a interpretar a situação como ameaça, desenvolvendo afetos negativos e conseqüentemente comportamentos defensivos .   Quando o casal fica preso no combate, com resistência por parte de ambos em ceder, vem o afastamento e as interpretações negativas são superestimadas  como por exemplo:       “ Ele(a) é muito difícil!” Esta afirmação ganha força no momento em que são filtradas apenas as informações que confirmem esta visão. Até mesmo quando não há situações concretas a serem filtradas, é possível que as atitudes do outro sejam interpretadas de forma distorcida , justamente para que aquilo que está sendo pensado e dito, seja confirmado. Na verdade esta afirmação pode estar refletindo a dificuldade de entendimento que se trava entre o casal e não que o outro seja uma pessoa difícil. É mais fácil culpar o outro do que pensar sobre o que de fato está acontecendo na relação e na parcela de responsabilidade que cada um tem perante as dificuldades e desentendimentos. Uma boa dica é não acreditar 100% nas interpretações em relação ao outro, em momentos de discórdia e insatisfações e sim entender que se trata apenas de uma percepção e não uma avaliação real e objetiva. Quando os impasses são resolvidos, estas interpretações mais contaminadas ( ou em outras palavras distorcidas ), são corrigidas e o outro passa a ser visto de forma mais realista e positiva.

Os afetos negativos exercem grande poder em relação à como o outro é visto em determinado momento.  Um exercício importante, capaz de realmente ajudar o casal a reduzir as interpretações negativas em relação ao  julgamento um do outro,  consiste no treino diário  em que ambos desenvolvem formas mais positivas  de se verem mutuamente e de agir. Em outras palavras seria adotar atitudes mentais e comportamentais positivas em relação ao outro. Isso porque a tendência é o negativo exercer sempre um poder destrutivo sobre o positivo. Às vezes um simples ato negativo como por exemplo um xingamento, impera sobre todo um conjunto de atitudes positivas.

A maioria dos casais apresentam importantes diferenças entre si que necessitam de ajuste para equilíbrio da relação. É preciso que ambos possam treinar habilidades no ceder e flexibilizar sem que isso seja encarado como submissão, passividade ou fraqueza e sim maturidade e disposição para adaptar-se melhor ao outro em benefício da relação. Às vezes é preciso que um possa dar o primeiro passo  rumo aos ajustes e entendimento, mesmo que o outro ainda pareça resistente, para injetar novo formato ao relacionamento. O movimento de mudança, mesmo que inicialmente seja unilateral é sempre positivo , provocando mudanças positivas no outro e na relação. Faz sentido lutar para aparar as arestas e aumentar a satisfação mútua , trabalhando as expectativas realistas e aceitação de que  nenhum casal por mais “ perfeito “ que seja, se harmoniza em todos os aspectos e vive feliz 100% do tempo.

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